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Seu frequencímetro é confiável?



Por interesse pessoal e potencialmente de alguns pacientes, estava pesquisando quanto à confiabilidade dos frequencímetros - aparelhos para medir frequência cardíaca no exercício - oferecidos nas lojas atualmente, e encontrei um curioso artigo publicado na revista MEDICINE & SCIENCE IN SPORTS & EXERCISE, realizado pelo grupo da Cleveland Clinic, dos Estados Unidos.


Cita-se no estudo que o uso mais disseminado destas tecnologias pela população levantou polêmicas, uma vez que muitas pessoas verificaram discordância da frequência medida pelo aparelho com a realidade, inclusive gerando processos legais contra a marca Fitbit nos Estados Unidos.


Os autores testaram 50 adultos em exercício físico aeróbico em esteira, bicicleta e elíptico, e utilizaram como padrão ouro de aferição de frequência cardíaca eletrocardiografia contínua, que é utilizado na medicina. Compararam os valores com diversos aparelhos: Polar (cinta cardíaca para o tórax), Apple Watch, Fitbit Blaze, Garmin Forerunner, Scosche Rhythm e TomTomSpark Cardio - encontrei todos à venda em lojas brasileiras, exceto o Scosche Rhythm.


Os resultados estão representados na figura acima. Os aparelhos com mais confiabilidade são os cujos pontos menos se distanciam da linha reta ao centro. Nota-se excelente acurácia do aparelho Polar, com concordância chegando a 99%. O aparelho da Apple atingiu neste estudo concordância boa, de 92%. Logo após, com 83% e 81% vem, respectivamente, as marcas Tomtom e Garmin. Os menos acurados foram Scosche Rhythm e Fitbit Blaze.


Quando se considera apenas exercícios em esteira, a acurácia de todos melhora, para 88 a 93%, exceto a do Fitbit Blaze, que se mantém abaixo de 80%.


A acurácia superior da cinta cardíaca da Polar não surpreende quando se conhece o mecanismo de cada aparelho. Este aparelho localizado próximo ao coração mede de fato atividade elétrica cardíaca. Por outro lado, os aparelhos periféricos de pulso fazem a aferição através de fotopletismografia - utilizam luz verde que é absorvida pelo sangue e medem o quanto esta luz se reflete de volta. Assim, possibilitando a detecção de maiores volumes de sangue, conseguem verificar os batimentos cardíacos. Supõe-se que a movimentação do membro durante o exercício, bem como diferentes tons da pele, luz ambiente ou perfusão do membro possam prejudicar a leitura gerando erros.

Através deste estudo confirma-se também que a acurácia dos aparelhos de pulso para aferição de frequência cardíaca é muito melhor em repouso, e piora quanto maior a movimentação do membro


A frequência cardíaca medida na atividade física é interessante em diversos aspectos. No caso dos cardiopatas em reabilitação, muitas vezes determinamos uma faixa de frequência para o treino, para respeitar as limitações de cada coração dentro de sua condição. Os educadores físicos algumas vezes optam por frequências moderadas ou mais elevadas a depender do objetivo de cada treinamento específico (perda de peso x condicionamento).


Ressalto, entretanto, que a acurácia de tais aparelhos para arritmias cardíacas não foi estudada, e pode ser ruim, uma vez que algumas das arritmias cardíacas não geram onda de pulso, e passariam despercebidas pelo aparelho.

Referência: Gillinov, S. Variable Accuracy of Wearable Heart RateMonitors during Aerobic Exercise. MEDICINE & SCIENCE IN SPORTS & EXERCISE. 2017

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