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A boa prática médica no mundo moderno

Os médicos atualmente podem basear as suas condutas em diversos argumentos, dentre os quais os principais são a fisiopatologia das doenças, a experiencia pessoal, a experiencia transmitida no convívio com os colegas e a evidência cientifica. A fisiopatologia das doenças é sem dúvida fundamental, pois é como pensamos que funcionam as doenças e como elas afetam o nosso organismo. Este raciocínio está permanente em nossa cabeça, e é como aprendemos nas faculdades de medicina. Nestas, costuma-se enfatizar que o médico que conhece anatomia e fisiopatologia, não precisa se demorar sobre o restante, pois entende a doença, e conseguirá boa parte das respostas. A evolução dos procedimentos e medicamentos será cada vez mais rápida, e a nossa essência será sólida enquanto entendermos a fisiologia normal do corpo humano.


A experiência pessoal e a transmitida no convívio com os colegas andam juntas, e é nestes conceitos que se fundam as bases da residência médica. William Osler no final do século XIX disse “A medicina é aprendida à beira do leito e não nos anfiteatros”, foi o responsável pelo primeiro programa de residência em clínica médica. O aprendizado e a imersão em ambiente acadêmico e assistencial intensos é fundamental para o crescimento, motivo pelo qual sempre se busca as vagas de residência médica nas instituições mais respeitadas. Entretanto esta experiência adquirida pode voltar-se contra o objetivo maior, que é o primor no atendimento, quando não está aliada à evidência científica.


A velocidade com que a medicina do século XXI evolui exige atualização frequente. É de se esperar que, com novas pesquisas científicas, descubram-se eventuais falhas nas teorias fisiopatológicas previamente estabelecidas como verdadeiros dogmas. O desafio do médico no mundo moderno é equilibrar a evidencia cientifica nova com a humanização do atendimento à beira do leito. É através da atualização que determinamos quais os melhores remédios para, por exemplo, hipertensão, insuficiência cardíaca e doença coronariana. Sabemos através da pesquisa clínica que um simples ácido acetil salicílico é capaz de reduzir em cerca de 20% a mortalidade da doença coronária. É através dela também que determinamos se a angioplastia ou a cirurgia cardíaca é a melhor opção naquele momento para aquele paciente, com sua individualidade. A pesquisa clínica no grupo MASS por exemplo, no Instituto do Coração, colaborou muito com a literatura mundial, respondendo o papel prognóstico da função ventricular na história natural da doença coronariana, o papel da cirurgia, da angioplastia e do tratamento clínico-medicamentoso isolado nos diferentes espectros da doença, entre muitas outras.


Por conta de todas estas respostas que a pesquisa clínica deve ser sempre uma das prioridades dos investimentos em saúde, pois suas respostas ajudam não apenas a fazer o melhor pelas pessoas, mas também a reduzir custos e aumentar efetividade na saúde, qualidades fundamentais para sustentabilidade.


“Nada na vida deve ser temido, somente compreendido. Agora é hora de compreender mais para temer menos” Marie Curie, 1977, prêmio Nobel de Física.

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